Metonímia é uma figura de linguagem caracterizada pela substituição. Um exemplo clássico é a substituição da parte pelo todo, como “cabeça de gado”: “esse fazendeiro possui 300 cabeças de gado”. Já metanímia é um termo que surgiu de uma discussão que tive recentemente com uns amigos, sobre um fenômeno curioso que percebemos no mundo corporativo ultimamente: a substituição de uma meta por outra.
O que melhor exemplifica isso atualmente é a aparente compulsão de muitos CEOs em enfiar o uso de AI goela abaixo de seus funcionários. A lógica parece ser de que eles querem aumentar a produtividade, supostamente “AI” melhora a produtividade, logo todo mundo tem que usar AI, e o uso de AI passa a ser a meta, em vez da produtividade.
E não quero nem entrar no mérito de se AI realmente melhora a produtividade a longo prazo, ou o quanto melhora - isso parece um tanto discútivel ainda; menos ainda todas as outras questões éticas, ambientais, e legais. Mas esse movimento me é particularmente estranho porque, pelo menos pela evidência anedótica da minha própria experiência e pelo que tenho conversado com alguns amigos, com certeza existem formas muito mais baratas e simples de se aumentar a produtividade nesses lugares: resolução de débito técnico, melhorias de processo, automação (sem necessidade de AI) de tarefas repetitivas, remoção de processos inúteis e, claro, moral dos funcionários, entre outras.
Parece um clássico caso de querer correr antes de andar, mas quem realmente ganha é quem vende o tênis, e quem compra cai de cara no chão. Faz pensar se quem toma essas decisões realmente tem alguma ideia do que que esta acontecendo na empresa que deveria estar liderando.